terça-feira, 30 de novembro de 2010

FREELANDER 2 PRONTO PARA NOVA ERA

HELDER DE SOUSA

Em Durban-África do Sul




Diz-se que não se mexe em equipa que ganha. A Land Rover entendeu isso mesmo com a versão 2011 do Freelander. As subtis melhorias sentem-se mais do que se vêem.






Segundo Liz Segal, directora regional de vendas da marca, a Land Rover está a vender bem na África sub-saariana, com um aumento de 13%. São boas notícias para a marca de veículos todo-o-terreno mais antiga em África.


O novo Freelander é fruto da maior remodelação realizada no modelo desde 2007: novas cores, novas jantes, novo motor, sistema start/stop manual.


Se as alterações visíveis são de pormenor – grelha, traseira, faróis, instrumentos, jantes – as que não se vêem são as que mais encantam porque são as que se sentem: o novo motor diesel 2.2 com duas opções de potência, 150 e 190 cavalos, com um binário espantoso de 420 Nm, graças a uma alimentação ajudada por turbocompressor de geometria variável, arrefecido a água, calibrado para dar aqueles níveis de potência e baixar consumos e emissões de CO2 que se situam entre os 165gr. e os 180 gr. para cada versão.


Tivemos oportunidade de cumprir algumas centenas de quilómetros no interior do território do poderoso Rei Shaka, província de Kwazulu – Natal, que nos permitiram avaliar a qualidade dos sistemas de controlo de tracção aliados à funcionalidade do motor. Em picadas por vezes perigosas, o carro parecia colado ao chão, obra dos sistemas de tracção. No asfalto, o Freelander 2 torna-se muito agradável. É silencioso, bem insonorizado, e a caixa automática de 6 marchas, aliada ao motor de 190 cv , com possibilidade de accionamento sequencial, incrementa o prazer de condução. Não é um corredor como o Range Rover.


Na versão de caixa manual, uma Getrag M66 de 6 velocidades, e motor de 150 cv o carro atinge os 180 km/h como velocidade máxima. Na versão mais potente, com a caixa automática, sobe para os 190 km/h. A aerodinâmica não é, definitivamente, o seu lado mais forte.


No interior vive-se ambiente requintado com bancos ajustáveis electricamente, volante ajustável em altura e profundidade e visibilidade total. As duas janelas no tejadilho dão grande contributo na claridade interior. A segurança dos passageiros é garantida por 7 (sete) airbags dos quais um só para os joelhos do condutor.


O depósito de 68 litros (com abertura que evita enganos entre diesel e gasolina), permite fazer à vontade mais de 700 quilómetros. Com possibilidade de usar 10% de biodiesel, é provável que percorra ainda mais quilómetros por tanque.


Uma versão 4x2 estará disponível para a Europa, o que é uma boa notícia para os eventuais interessados no carro, na medida em que será menos caro e menos gastador.

Joe Saward sobre Filipe Albuquqerque

O conceituado e influente jornalista de Fórmula 1, Joe Saward, publica hoje no seu blog http://joesaward.wordpress.com/ uma matéria sobre a Corrida dos Campeões, que Filipe Albuquerque venceu em Dusseldorf, à frente dos grandes campeões.
Eis parte desse trabalho, referente a Albuquerque:


Loeb beat Priaulx and when Albuquerque beat Vettel, the final was between the seven-time WRC champion and the unrated man from Italian GT3 racing. And, lo and behold, Albuquerque won, proving that perhaps Red Bull might have done well to have held on to him a couple of years ago when he was on the verge of breaking into GP2.


Instead he was offloaded and spent time in A1GP before sinking into GT racing. Obviously a talent missed… Hopefully the result in Dusseldorf will relaunch the 25-year-old’s single-seater career, as he clearly deserves a better opportunity than he has had to date.



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FILIPE ALBUQUERQUE, O CAMPEÃO DOS CAMPEÕES

Fico sempre inchado de orgulho quando vejo um jovem piloto português fazer boa figura em confronto com outros pilotos internacionais. Há dias foi o Miguel Oliveira, o nosso futuro Valentino Rossi e o António Félix da Costa que deixou muito boa impressão no teste que fez ao volante do Fórmula India, em Abu Dhabi. Neste fim de semana, foi o Filipe Albuquerque a sagrar-se Campeão dos Campeões em Dusseldorf, em luta directa contra senhores como o novo Campeão do Mundo de F1, Sebastian Vettel, o sete vezes Campeão do Mundo de F1, Michael Schumacher (ambos alemães batidos em casa), o não sei quantas vezes ( acho que sete ) Campeão do Mundo de Ralis, Sebastien Loeb. Albuquerque a todos  ganhou nas diversas mangas de que era constituída a competição que, todos os anos - pela mão da vencedora do Rali de Portugal- 1982 em Audi Quattro - se realiza numa cidade da Europa. No ano passado o encontro foi em Portimão e foi aí que Albuquerque ganhou os galões para participar este ano em Dusseldorf.
Para saber um pouco mais sobre a vitória de Albuquerque, um estreante na competição, procurei na Net assuntos relacionados e fui dar ao site oficial da prova, o http://www.raceofchampions.com/.
 Está lá, em grande título :
FILIPE ALBIQUERQUE LIFTS THE RACE OF CHAMPIONS TROPHY ON HIS DEBUT AFTER STUNNING PERFORMANCE TO BEAT SEBASTIEN LOEB IN THE GRAND FINAL

Sun, 28 November 2010



Debutant Filipe Albuquerque celebrated a shock victory in The Race of Champions after a stunning victory over Sébastien Loeb in Düsseldorf today.



Sun, 28 November 2010


Filipe Albuquerque delivered a thrilling performance to eclipse 15 superstars of motorsport and win The Race of Champions at his first attempt on an exciting afternoon in Düsseldorf.

No site http://www.thecheckeredflag.co.uk/ , a matéria do repórter James Broomhead é uma ode ao desempenho de Filipe. Lamento não fazer a tradução para ajudar os que não dominam tão bem (ou nada) a língua de Shakespeare. Espero que me perdoem porque, a parte do texto que aqui transcrevo, com a devida vénia, tem mais sabor na forma original. Vale a pena ler tudo no site, tal é o entusiasmo do repórter em relação à exibição do nosso piloto.


Written By James Broomhead– November 28, 2010



From an assembled field that could boast 22 FIA world titles, seven Le Mans Wins, copious X-Games medals and four previous Race of Champions wins it was Filipe Albuquerque – a man making his debut in the competition – who stole the win from under the racing glitterati’s noses.




A man whose highest profile drive to date had been outings for Team Portugal in the A1GP series to see Albuquerque’s name alongside Loeb, Vettel, Schumacher or Prost was a collision of worlds, before even the other racers admitted to knowing little of man who won his place in the Race of Champions at the late summer preliminary in Portimao.




He was part of the Portuguese pairing that fell at the first hurdle in the Nations Cup, but in the individual competition he was unstoppable. Drawn in the third of the nights four groups with Americans Tanner Foust and Carl Edwards as well as Sebastian Vettel, the Portuguese powered through to finish top of the group with wins in all three of his races – a win against the new world champion capping a performance that was already impressive enough to depose the pair of Americans – a nation of drivers who normally provide some of the best entertainment of the ROC nights.






While Albuqeurque came through a close all Portuguese sudden death quarter-final against Alvaro Parente his semi-final opponent would come from an all-German race, which you sense disappointed the Dusseldorf crowd in the knowledge one of their victorious Nations Cup team would go no further.



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

FORMIGA voadora


António Félix da Costa (Formiga)

Depois do GP de Abu Dhabi, que coroou o jovem Sebastião da Red Bull, as equipas de Fórmula 1, no sentido de arranjarem mais uns dinheiritos de bolso, alugaram os seus carros a jovens pilotos que estão com um pé no degrau da promoção à disciplina superior. Desde um indonésio de 17 anos até um britânico de 29, apareceram 21 jovens pilotos. Desses, o "nosso" António Félix da Costa.
O "Formiga", como é conhecido nos meios nacionais, fez boa figura e orgulhou-nos a todos os que, como eu, esperam voltar a ter um compatriota na Fórmula 1. Já lá tivemos o Pedro Lamy e o Pedro Chaves. O Nicha Cabral é de outras eras, as dos chamados "gentlemen drivers", que não têm nada a ver com a realidade actual.
Para as 12 equipas apareceram 21 pilotos, alguns já com longa experiência de F1 como o Paul Di Resta, da Force India. Mas também apareceram alguns mais diferentes como o búlgaro Vladimir Arabadzhiev, na Lotus, ou o russo Mikhail Alestin, na Renault, ou o brasileiro Luiz Razia, na Virgin.
Gostei de ver um Bianchi nos testes, o Jules, que vem de uma linhagem de campeões como Lucien Bianchi. Jules é piloto de testes e reserva da Ferrari.
Vamos ao que me trás aqui, o "nosso" Félix da Costa. E, para começar, transcrevo a opinião de James Willis, que escreve o seguinte no Bleacher Report.com:

"Antonio Felix da Costa was the second youngest driver on show over the two days of testing but he proved that age doesn't matter with a solid performance.

The younger brother of fellow racer Duarte Felix da Costa, Antonio appears to have the world at his feet. Despite Force India only giving him one day on the track, he beat the team's impressive reserve driver, Paul Di Resta, by an entire second on day one's time sheets. Although Di Resta did manage to beat that time the following day.
The 19 year old Portuguese prodigy has already won the 2009 Formula 2.0 NEC title having been runner up in the previous year. He also came third in the Eurocup Formula Renault in 2009 to make it a particularly successful season.
After finishing seventh in Formula Three Euroseries in the 2010 season, Felix da Costa is definitely a name to watch for the future. Especially after his third place finish on the time sheets on his day of testing with Force India."

Não obstante a muito boa opinião de Willis sobre o António, a minha curiosidade levou-me um pouco mais longe para bem situar a nossa vedeta na sua primeira experiência ao volante de um Fórmula 1, o Force India, com motor Mercedes. Naturalmente, fiz uns cálculos que partilho convosco.
O António só rodou no primeiro dia de testes. Se tivesse rodado também no segundo, o seu tempo baixaria. Mas, só com uma sessão, impressionou fortemente. Sem ter a experiência (e o carro) do Daniel Ricciardi ao volante de um Red Bull, Félix da Costa deu 1,304 seg. ao piloto da equipa Force India, Paul Di Resta e ficou a somente 1,8 seg. do melhor tempo da sessão, feito por Ricciardi.
Di Resta, que não fez melhor que o 8º tempo da sessão, teve de se aplicar a fundo no dia seguinte para bater o tempo de Félix da Costa, quando o português já não estava lá. A melhor volta de Ricciardi no segundo dia é somente meio segundo melhor que a de Felix da Costa no dia anterior.
Tomando como padrão o tempo de Ricciardi no primeiro dia , Félix da Costa ficou a 1,816 seg. No segundo dia, em que Ricciardi tirou meio segundo ao seu tempo do dia anterior, Paul Di Resta não fez melhor do que ficar com o sétimo tempo, a 2,799 seg. Donde, em definitivo, António Félix da Costa foi mais rápido que o piloto da casa.
Cada um que tire as suas ilações, as minhas nem sequer importam muito. Importam sim as dos patrões das equipas, e ado sr. dono da Force India, Vijai Malia.
Como diz o Willis, "Félix da Costa é definitivamente um nome a observar no futuro". E eu termino, com o voto de que ... o futuro ... seja muito breve para que o pai Félix da Costa veja, enfim, recompensada a sua dedicação de mais de vinte anos.


sábado, 20 de novembro de 2010

Vettel mereceu

Alguns dos meus muito presados leitores atiraram-se como "gato a bofe" à questão levantada no meu posto anterior sobre se o Vettel teria ou não merecido o título ou ter tido mais sorte que os outros. Mas, se bem perceberam, a minha não questão não estava aí. A minha questão estava na maturidade de um piloto ser titulado Campeão do Mundo de Fórmula 1 e ter a preparação e crescimento para perceber o que é ser Campeão do Mundo. O título por si só impõe respeito junto de muitas comunidades, não só ao nível da família da F1 no padock. Um Campeão do Mundo, no meu entendimento, tem de ter uma intervenção social, tem de ter maturidade para servir de exemplo limpo e seguro a ser seguido pela juventude de todo o mundo. Tem de ter a competência para saber passar uma mensagem positiva e credora de respeito. Era a isso que me referia.
Não vejo em Vettel, até me demonstrarem o contrário, essas capacidades. Como piloto, sim senhor, excelente piloto, certamente merecedor do título. Como Campeão do Mundo, superior como pessoa aos seus mais directos contendores, gerador de exemplos e de mensagens ...  não estou a ver. !!!
Dir-me-ão: pois, e para quê essa de personalidade e maturidade se, o que  interessa é o titulo e o que ele pode trazer para a sua carreira? Na minha perspectiva, interessa.
Por isso, mantenho que, como Campeão do Mundo, Vettel terá que crescer. Se mereceu ou não, deixo isso ao critério de cada um.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

VETTEL MERECE O TÍTULO?




Ou teve mais sorte que os outros?






Num mundo tão avançado tecnologicamente como é a Fórmula 1 moderna, o factor humano tem sido bastas vezes reduzido a segundo plano ao ponto de alguém ter dito uma vez que “por este andar, qualquer dia põem um macaco ao volante e ganha a corrida”. Não será tanto assim isso é verdade. Mas, já que estou no campo dos exageros, não resisto a lamentar profundamente o desenrolar monótono do Grande Prémio de encerramento do mundial deste ano, em Abu Dhabi. “Et pour cause”. A pista daquele emirato árabe, desenhada por computador, mais artificial que uma prótese qualquer, não foi feita para ultrapassagens. Não dá. “Aquilo” é pior que uma pista de Scalextric onde, ao menos, se pode ultrapassar os adversários.


Recordemos a luta do Alonso para ultrapassar o Petrov.! Voltas e voltas de ansiedade, de nervosos, de impotência. O Ferrari não tinha velocidade para passar o Renault, Alonso, super campeão do mundo, não conseguiu suplantar o estreante russo. Isto não faz sentido nenhum. Se a corrida, tal como a vimos em Abu Dhabi, tivesse acontecido em S. Paulo, por exemplo, talvez não tivéssemos assistido àquela procissão das mais avançadas máquinas do mundo numa fila monótono e sem graça.


Alonso, levado ao desespero, pressionado pela sua equipa para “fazer tudo” para se livrar do Petrov à sua frente, fez tudo e até mais, até começar a cometer erros, sinal de estava acima das capacidades físicas do carro. E o Weber, em relação a quem muitos da família da fórmula 1 desejavam que fosse ele o coroado, não conseguiu fazer nada para sair do anonimato da corrida.


E chegamos ao que me trás aqui hoje. O Vettel mereceu o título? Ou, simplesmente, teve mais sorte que o Hamilton, que o Alonso e que o Weber, os seus principais adversários na corrida ao título.


Vettel não sai imune deste Campeonato. Apesar de titulado, ninguém lhe tira a imagem de alguns excessos cometidos, de alguns erros crassos, quiçá provocados por alguma precocidade misturada de pressão dos media alemães onde, “Deutschland ubber alles” ainda mexe com os seus espíritos.


A saudade do primeiro Schumacher (este actual ainda não chegou lá) impôs a suprema tarefa de elevar um jovem alemão ao mais alto do pódio da modalidade. E, com ele, ficamos com o Campeão do Mundo mais jovem de sempre nos mais de 50 anos de fórmula 1. Os 23 aninhos do Vettel ficam bem nas estatísticas mas afastam-nos, e muito, do carisma e da autoridade e respeito de nomes como Niki Lauda, Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell, para citar somente alguns da nova era.


Dentro do meu pragmatismo caseiro sou capaz de colocar uma verdade, para mim lapidar, na qualidade de antigo piloto de competição: só ganha quem faz por isso e quem consegue reunir, num determinado momento, os factores que levam à vitória – uma mecânica resistente e rápida, uma condução limpa sem faltas, uma energia especial para “escapar” de situações potencialmente prejudiciais. Vettel terá conseguido esse desiderato no domingo passado até porque lhe correu bem o serviço nas boxes.


A Red Bull, campeã do mundo de “marcas”, junta mais um Campeão às suas radicais actividades. É bom para a empresa que soube dar os meios necessários para os seus engenheiros com Adrian Newey no comando.


Receio, contudo, que, desde a época Hamilton, a função de Campeão do Mundo se torne pouco mais do que um jogo de computador. A fórmula 1 está dominada pela artificialidade, pela frieza dos números, pela ausência de “panache”.


Espero enganar-me, até porque gosto do Vettel, que ele não seja mais do que o produto dessa artificialidade implantada na F1. Vai ser conveniente dar tempo ao tempo e esperar que o jovem Campeão do Mundo … cresça.